Começa a ser aplicada em três áreas do País uma nova alternativa de tecnologia social para pequenas propriedades rurais. Como principais vantagens, a experiência dispensa o uso de agrotóxicos, reduz a aquisição de insumos e assegura alimentação saudável e barata para agricultores familiares. Trata-se da Pais (Produção Agro-ecológica Integrada Sustentável), que utiliza sistema de irrigação por gotejamento em hortas e pomares. Apropriado para o cultivo de produtos orgânicos, o sistema tem baixo custo, avaliado em R$ 3.500, e permite um nova fonte de renda e alimentos em assentamentos de reforma agrária, áreas de remanescentes de quilombos e excepcionalmente até em terras indígenas. A Pais está inserida no projeto Unidades Familiares de Produção Agrícola Sustentável, uma parceria entre o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Fundação Banco do Brasil e o Ministério da Integração Nacional. É prevista a instalação de 1.080 unidades da Pais em 36 municípios de 12 estados. Cerca de 80 consultores foram capacitados para ensinar o uso da tecnologia, que está disponível a qualquer produtor rural do País. Para o ator, a Pais é a solução para o desenvolvimento de uma cultura de subsistência e promoção das comunidades carentes. "Esse é um projeto viável para o Brasil", analisou. Palmeira defende a proposta por conhecer também o idealizador dela, o seringalês Aly Ndiaye, que é o agrônomo responsável pelas culturas orgânicas da fazenda do ator. Palmeira também foi responsável pela adaptação do sistema em três aldeias dos xavantes, em Mato Grosso. O ator passou três meses morando com os índios; "Utilizamos uma tecnologia popular que permite a produção agrícola saudável sem produtos químicos", assegura Ndiaye, formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. "Antes do projeto, a mortalidade infantil estava crescendo e não tínhamos como nos manter", disse ao Boletim do Empreendedor Rural o cacique Isaías Prowê, de São Pedro, uma das aldeias beneficiadas pela Pais no município de Campinopólis (MT), além de Parinaiá e Onça Preta. Há pouco mais de dois meses, a experiência é desenvolvida na comunidade Pedra Branca, Ceará, no município de Sumé, Paraíba, e em um projeto de reforma agrária localizado em Cristalina, Goiás. A Pais pode ser implementada em uma área de 5.000 metros quadrados. Nela podem ser desenvolvidos, simultaneamente, horta, criação de galinhas ou outros animais, plantio de grãos, frutas e produção agro-florestal. O sistema inclui sistema de irrigação por gotejamento, uma forma de baixo custo que não causa danos ao meio, como acontece com a irrigação por aspersão. A tecnologia permite, ainda, que os resíduos orgânicos sejam reinseridos no processo produtivo, diminuindo a necessidade de compras de insumos, informa Osmar Mata, do assentamento de Cristalina. O galinheiro, por exemplo, além de forrado está no centro da área permitindo, assim, o reaproveitamento das fezes para servir como adubo das hortas. Na avaliação do gerente de Agronegócios do Sebrae, Juarez de Paula, a Pais é mais um exemplo de inclusão social e econômica pela via do empreendedorismo. "Em uma primeira fase buscamos o incremento da produção sustentável de alimentos de qualidade para o abastecimento das famílias produtoras, gerando como resultado a segurança alimentar", explica. A meta é consolidar agronegócios ecológicos, acrescenta o gerente. "Com o crescimento da produção e a integração de diversas unidades produtivas, pretendemos gerar excedentes que possam ser beneficiados em pequenas unidades agro-industriais e destinados à comercialização, gerando a consolidação de um agronegócio no setor de produtos orgânicos". Os resultados, prevê ele, poderão começar a ser colhidos ao longo deste ano. |
fonte : revista globo rural
link:sebrae
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